Adolescência no Autismo: Desafios e o Apoio da ABA
- Cátia Soares
- 8 de mai.
- 2 min de leitura

A adolescência é, por si só, uma fase marcada por profundas mudanças físicas, emocionais e sociais. Para jovens com Perturbação do Espectro do Autismo (PEA), este período pode apresentar desafios adicionais que requerem uma abordagem estruturada, empática e especializada. A Análise do Comportamento Aplicada (ABA) surge como uma ferramenta poderosa para apoiar esta transição e promover a autonomia e qualidade de vida do adolescente e da sua família.
Desafios Comuns na Adolescência com Autismo
Mudanças hormonais e emocionais
A regulação emocional torna-se mais exigente.
Maior vulnerabilidade a ansiedade, frustração e crises.
Expectativas sociais crescentes
O grupo de pares torna-se central, mas muitos adolescentes com autismo enfrentam dificuldades em interpretar regras sociais implícitas, sarcasmo ou linguagem corporal.
Autonomia e responsabilidade
São exigidas competências como gerir horários, estudar sozinho, ou circular na comunidade.
Podem surgir resistências à mudança ou à introdução de novas rotinas.
Identidade e autoimagem
Questões como "quem sou eu?" ou "porque sou diferente?" tornam-se mais presentes.
A autoestima pode ser afetada por experiências de rejeição ou incompreensão.
Temas sensíveis: sexualidade e privacidade
É fundamental abordar estes temas com clareza, sem tabus, mas com adaptação à maturidade cognitiva e emocional do jovem.
Como a ABA pode ajudar nesta fase
A intervenção ABA, quando bem adaptada ao perfil e à idade do adolescente, pode fazer uma enorme diferença no desenvolvimento de competências relevantes para esta etapa da vida. Entre as áreas de intervenção mais comuns estão:
1. Regulação emocional e comportamental
Ensinar estratégias de autorregulação, resolução de problemas e alternativas ao comportamento disruptivo.
Uso de ferramentas como scripts visuais, autoinstruções ou reforço diferencial.
2. Competências sociais
Treino de interações com pares, reconhecimento de emoções, interpretação de sinais não verbais.
Role-play, modelagem e reforço positivo são algumas das estratégias utilizadas.
3. Promoção da autonomia
Treino de competências funcionais: transporte, gestão de dinheiro, tarefas domésticas, higiene pessoal.
Planos individualizados e generalização para contextos naturais (domicílio, comunidade, escola).
4. Preparação para a vida adulta
Transição para o mercado de trabalho (soft skills, entrevistas, pontualidade).
Identificação de interesses e planeamento vocacional.
5. Educação sexual e segurança
Definição de limites apropriados, privacidade, consentimento e prevenção de abusos.
Utilização de linguagem clara, direta e adequada ao nível de compreensão do jovem.
O papel da família e da equipa técnica
A colaboração entre terapeutas, família e, quando possível, o próprio adolescente é essencial. O plano de intervenção deve ser:
Centrado nos interesses e objetivos do jovem;
Sensível às suas necessidades emocionais;
Flexível, mas orientado por dados e objetivos mensuráveis.
A adolescência é um momento desafiante, mas também uma grande oportunidade para capacitar o jovem e reforçar o seu sentimento de competência e pertença. Com o suporte certo, é possível promover mudanças duradouras e positivas que o acompanharão ao longo da vida.
Se és pai, mãe, cuidador ou profissional e tens dúvidas sobre como apoiar um adolescente com autismo nesta fase, estamos disponíveis para ajudar. A nossa equipa pode construir contigo um plano individualizado, respeitador e eficaz.
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