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🎄 Gestão da rotina no período de festas: um guia prático para pessoas neurodivergentes


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O período natalício é, para muitas pessoas, sinónimo de luzes, encontros, viagens e uma quebra geral das rotinas habituais. Para quem é neurodivergente — seja autista, tenha PHDA, dislexia, alta sensibilidade ou outra forma de neurodiversidade — esta mudança pode trazer desafios acrescidos. A previsibilidade diminui, o ambiente torna-se mais intenso e as expectativas sociais aumentam.

Neste artigo, partilhamos estratégias práticas para tornar esta época mais gerível, confortável e equilibrada.


🌟 Porque é que as mudanças de rotina podem ser difíceis?


A rotina funciona como um suporte de regulação para muitas pessoas neurodivergentes. Ela ajuda a:

  • reduzir ansiedade,

  • aumentar previsibilidade,

  • organizar energia,

  • minimizar a sobrecarga sensorial e emocional.

Durante o Natal, o aumento de estímulos e as alterações inesperadas nos horários podem contribuir para stress, irritabilidade, burnout, dificuldade de concentração ou sensação de desorganização interna.

A boa notícia? Podemos adaptar.


🗓️ 1. Criar um “mapa das festas” para antecipar mudanças


Antes de começar a época natalícia, sugerimos criar uma visão geral das próximas semanas:

  • jantares, festas e encontros,

  • dias de trabalho e folgas,

  • deslocações,

  • tarefas extra (compras, cozinha, embrulhos).

Esta visualização ajuda a antecipar momentos de maior exigência e a reservar tempo para descanso.


🧩 2. Identificar gatilhos e necessidades pessoais


Cada pessoa é diferente, e cada neurodivergência manifesta-se de forma única. Alguns gatilhos comuns incluem:

  • barulho intenso,

  • luzes fortes,

  • cheiros marcados,

  • conversas longas,

  • interrupções no sono,

  • mais exigência social.

Sugerimos fazer uma lista dos gatilhos pessoais e perguntar:

“O que preciso de ajustar para me sentir mais confortável?”


🧘‍♀️ 3. Criar micro-rotinas que se mantêm mesmo nos dias diferentes


Pequenos pilares da rotina podem ajudar a trazer estabilidade quando o resto muda. Por exemplo:

  • manter horários semelhantes de sono,

  • reservar 10–15 minutos diários de pausa sensorial,

  • manter rituais simples (como o pequeno-almoço preferido ou um momento de silêncio),

  • fazer uma caminhada curta,

  • usar uma checklist — especialmente útil para pessoas com PHDA.

Estes “mini-pilares” evitam que a época festiva pareça caótica.


🧺 4. Simplificar — não é preciso fazer tudo


O Natal vem carregado de expectativas sociais e tarefas adicionais. Para pessoas com PHDA, dificuldades no funcionamento executivo ou maior sensibilidade, isto pode tornar-se muito exigente.

É totalmente válido:

  • comprar menos presentes,

  • delegar tarefas,

  • escolher apenas os eventos essenciais,

  • recusar convites quando necessário,

  • optar por um Natal mais tranquilo.

Adaptar a época às necessidades individuais é um ato de autocuidado, não de desistência.


🎧 5. Planear estratégias sensoriais para eventos


Antes de participar em encontros familiares ou sociais, pode ser útil preparar um pequeno “kit de autorregulação”:

  • headphones com cancelamento de ruído,

  • óculos escuros,

  • snacks confortáveis,

  • fidgets,

  • combinar uma palavra-código com alguém de confiança para sinalizar necessidade de pausa.

Também é importante identificar, à partida, um local onde se possa fazer uma pausa sensorial.


🚗 6. Adaptar viagens e deslocações


As viagens podem ser uma fonte significativa de stress. Algumas estratégias úteis incluem:

  • viajar em horários mais tranquilos,

  • levar estímulos reguladores (música, podcasts, objectos sensoriais),

  • fazer paragens planeadas,

  • comunicar necessidades à família ou aos acompanhantes.

A previsibilidade reduz o desgaste.


🥘 7. Ajustar refeições e expectativas alimentares


Para quem tem seletividade alimentar, sensibilidade a texturas ou dificuldades em lidar com cheiros intensos, as refeições festivas podem ser desafiantes.

Sugerimos:

  • levar alternativas seguras,

  • combinar previamente com familiares,

  • comer algo confortável antes do evento,

  • evitar pressão para experimentar novos alimentos.

O objetivo é manter o conforto e a autorregulação.


🔋 8. Gestão da energia: o “orçamento” emocional


A energia funciona como um orçamento limitado. Eventos sociais, deslocações e estímulos intensos consomem esse orçamento.

Para evitar burnout:

  • alternar dias exigentes com dias calmos,

  • reservar momentos de descanso antes e depois de eventos,

  • definir limites de tempo (ex.: “ficamos até às 22h”).

Pequenos ajustes fazem toda a diferença.


❄️ 9. Pós-festas: recuperar sem culpa


É comum surgir exaustão após o período de festas, sobretudo para pessoas autistas ou com PHDA.

Recomendamos reservar 1–2 dias para:

  • descanso profundo,

  • redução de estímulos,

  • retomar a rotina gradualmente,

  • evitar compromissos adicionais.

Recuperar é parte essencial do processo.


✨ Conclusão: um Natal mais alinhado com as necessidades neurodivergentes


Gerir a rotina na época natalícia não significa abdicar da celebração — significa encontrar formas mais sustentáveis de viver esta época, respeitando o corpo, o cérebro e o ritmo de cada pessoa.

Com algumas adaptações simples, planeamento realista e estratégias sensoriais adequadas, o Natal pode ser mais leve, seguro e acolhedor.


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