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Férias de Verão: Uma Oportunidade de Ouro para Trabalhar a Autonomia



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Com a chegada do verão, muitos pais e cuidadores suspiram de alívio com a pausa na azáfama do ano letivo. As mochilas são arrumadas, os horários ficam mais flexíveis e os dias tornam-se mais longos. Para as famílias de crianças e jovens com necessidades educativas especiais ou que beneficiam de intervenção ABA, este período representa mais do que apenas descanso: é uma janela de oportunidade para trabalhar competências fundamentais — sobretudo, a autonomia.


Menos Sobrecarga, Mais Espaço para Aprender


Durante o ano letivo, as crianças estão frequentemente sobrecarregadas com exigências escolares, horários apertados e uma constante sucessão de tarefas. Esta sobrecarga pode dificultar a aprendizagem de novas competências, especialmente aquelas que exigem prática consistente e paciência — como é o caso da autonomia pessoal.


Nas férias, essa pressão diminui. A ausência da rotina escolar permite uma maior disponibilidade emocional e cognitiva para investir em áreas que muitas vezes ficam para segundo plano. Esta é, portanto, uma altura ideal para trabalhar:


  • Rotinas de autocuidado (vestir-se, tomar banho, escovar os dentes);

  • Organização do espaço pessoal (arrumar o quarto, preparar a mochila ou mala para passeios);

  • Participação nas tarefas domésticas (colocar a mesa, preparar pequenos lanches, ajudar nas compras);

  • Tomada de decisão e planeamento simples (escolher a roupa, organizar um passeio em família).


O Papel da Intervenção ABA nas Férias

Como profissionais de Análise do Comportamento Aplicada, sabemos que o ensino de competências deve ser funcional, contextualizado e centrado na motivação da criança. As férias oferecem oportunidades naturais para este tipo de aprendizagem. É um momento em que podemos aplicar estratégias ABA fora do ambiente clínico ou escolar, promovendo a generalização das competências.


Alguns princípios importantes a considerar:


  • Dividir competências complexas em passos pequenos (task analysis);

  • Usar reforço positivo para motivar e consolidar os comportamentos desejados;

  • Ensinar nos contextos naturais, aproveitando momentos do dia-a-dia (por exemplo, usar um passeio à praia para ensinar a preparar uma mochila com protetor solar, toalha e lanche);

  • Envolver a criança no planeamento das suas atividades, promovendo escolha e autodeterminação.


Envolver a Família: A Intervenção Não Para


É importante que os cuidadores estejam envolvidos neste processo. A intervenção ABA deve ser colaborativa, e as férias são uma excelente altura para treinar pais e irmãos no uso de estratégias simples que ajudam a promover a independência da criança. Com o apoio certo, as famílias tornam-se agentes ativos de mudança, e os progressos podem ser significativos.


Um Investimento no Futuro


Trabalhar a autonomia durante as férias não significa transformar este período num campo intensivo de treino. Pelo contrário, trata-se de aproveitar momentos naturais de aprendizagem, de forma leve e positiva. Ao fazê-lo, estamos a preparar as crianças para serem mais independentes, mais confiantes e mais participativas no seu próprio dia-a-dia.

Afinal, o objetivo último da intervenção ABA é promover uma melhor qualidade de vida — e a autonomia é um dos pilares essenciais dessa construção.

 
 
 

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